Grandes nomes do cinema nacional se reuniram na noite de dessa terça-feira, 5 de setembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para a cerimônia de entrega dos troféus do 16º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado pela Academia Brasileira de Cinema. “Aquarius”, Kleber Mendonça Filho, foi o vencedor do troféu Grande Otelo de Melhor longa-metragem de ficção. O filme levou ainda os prêmios de Melhor direção e Melhor trilha sonora. Mas o longa com mais vitórias na noite foi “Elis”, de Hugo Prata, vencedor em oito categorias: Melhor atriz (Andréia Horta), Melhor direção de fotografia (ao lado de “Boi Neon”), Melhor direção de arte, Melhor figurino, Melhor maquiagem, Melhor montagem ficção, Melhor som e Melhor trilha sonora original.
“Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, que concorria a 10 prêmios, foi o vencedor na categoria Melhor Ator (Juliano Cazarré), Melhor direção de fotografia (ao lado de “Elis”) e Melhor roteiro original (ao lado de “BR716”, de Domingos de Oliveira). “O Shaolin do Sertão”, de Halder Gomes, foi o vencedor de Melhor longa-metragem comédia. “Carrossel 2 – o sumiço de Maria Joaquina” recebeu menção honrosa de Melhor longa metragem infantil.
Dirigida por Bia Lessa, a cerimônia foi apresentada como se fosse um único filme. Através de uma tela translúcida, imagens de diferentes obras e depoimentos de diretores consagrados foram exibidos em primeiro plano. Em segundo plano, os indicados apareciam no palco ao serem anunciados. O cineasta Zelito Viana e a atriz Bárbara Paz foram os responsáveis por anunciar os premiados. A escolha dos nomes celebrou um belo encontro de gerações.
Jorge Peregrino, vice-presidente da Academia Brasileira de Cinema, abriu a premiação agradecendo aos parceiros pela sobrevivência da premiação e à Bia Lessa pelo belíssimo espetáculo em homenagem ao cinema. “Esse ano perdemos alguns patronos, mas as conquistas superam as adversidades. E agora a Academia será a responsável pela escolha do filme que será indicado a concorrer uma vaga ao Oscar. Hoje teremos aqui importantes nomes do cinema e uma nova geração de cineastas, um grande encontro de arte.”
A homenagem a Antonio Pitanga e Helena Ignez foi um dos momentos mais emocionantes da cerimônia. Após um texto em off narrado por Caio Blat e imagens se produções envolvendo ao artistas, Pitanga e Ignez foram reverenciados no palco por Zelito, Bárbara e todos os atores e atrizes indicados. “Minha vida começou no cinema. “Bandido da luz vermelha”mudou a minha vida. Não é fácil ter identidade própria quando se casa com Glauber Rocha e depois Rogério Sganzerla. Sou uma atriz eterna errante que dedica a vida eternamente ao cinema”, declarou Helena. “Esse momento faz com que passe um filme na cabeça da gente. O cinema é o resultado da formação de um homem. Estou muito emocionado”, falou Pitanga, que, muito emocionado, cantou alguns versos da música “Diplomacia”, de Batatinha.
O prêmio de Melhor Atriz foi anunciado por Helena Ignez, que entregou o troféu a Andréia Horta. “Momentos como esse guardam em si todo o caminho que percorri até aqui. Que o cinema, assim como o amor, nos faça evoluir e não o contrário”, declarou a intérprete de Elis Regina nos cinemas.O troféu de Melhor ator foi entregue por Pitanga a Maeve Jinkings, companheira de set do ator Juliano Cazarré, que não pode estar presente na cerimônia.
Laura Cardoso recebeu o troféu de Melhor atriz pelo filme “De onde eu te vejo”, e protagonizou um dos momentos mais delicados da cerimônia, com todos os artistas dançando em sua homenagem. “Este troféu é também de todas as meninas que estavam concorrendo. É meu presente de aniversário.” O prêmio de Melhor ator coadjuvante ficou com Flávio Bauraqui, por seu papel em “Nise – o coração da loucura”, que recebeu o troféu com lágrimas. “Eu realmente não esperava…”. “Os loucos não são loucos. Os loucos são os loucos que estão nos deixando loucos”, completou, fazendo uma ligação com o filme.
O prêmio de Melhor direção foi recebido pela produtora de “Aquarius”, representando Kleber Mendonça Filho não pode comparecer. Emilie Lesclaux dedicou o prêmio a todos que trabalham com cultura no Brasil. “Uma arma de construção de massa. Liberta e oxigena”.
O Grande Prêmio ainda fez uma homenagem a nomes ligados à sétima arte que partiram no último ano, como Andrea Tonacci, Chica Lopes, Geraldo Morales, João Paulo Carvalho, Luiz Paulinho dos Santos, Nadir Fernandes, Nelson Xavier, Neusa Amaral, Paulo Silvino, Vida Alves
Rogéria, falecida na véspera da cerimônia, entre outros.
Olga Futema, da Cinemateca Brasileira, recebeu o Prêmio especial de preservação. Muito feliz com a homenagem, ela comentou a importância da instituição no trabalho de preservação da história nacional e ressaltou que o prêmio era um estímulo a mais em um momento que a Cinemateca procurava se reerguer. Luiz Severiano Ribeiro recebeu o prêmio em homenagem ao Grupo Severiano Ribeiro/Kinoplex. “São 100 anos de muita dedicação e trabalho. Competindo com americanos, mexixcanos, mas chegamos até aqui”. Ainda foram ressaltados na cerimônia os 25 anos de RioFilme. “Nós queremos um cinema inclusivo, plural. A porta da RioFilme está aberta a todos, sem qualquer distinção.”
O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro conta com o Patrocínio Master da TV Globo e Patrocínio do Canal Brasil, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, e copatrocínio da RioFilme-SMC.