A fuligem que caía do céu era um sinal claro: o fogo se aproximava. Era manhã de sexta-feira numa das regiões mais bonitas da Califórnia, numa casa na floresta de Malibu, bem perto da praia Zuma. A brasileira Luiza Florence Black, 35, acelerou o passo. Queria dar o fora dali o quanto antes para proteger a filha de oito meses do ar cada vez mais carregado de fumaça.
“Achava que ia ficar só uns dois ou três dias fora”, lembra Luiza, jornalista há 12 anos nos Estados Unidos. “Sabia o quão rápido o fogo pode se alastrar”, disse Luiza, que já havia feito cobertura sobre outros incêndios.
Enquanto fazia a mala com algumas roupinhas da bebê, a prefeitura de Malibu ligou no telefone fixo e mandou mensagem no celular avisando para a saída obrigatória da região. “Aí o bicho pegou, caiu a ficha que a casa podia pegar fogo. E que as estradas ficariam congestionadas. Tinha que me agilizar”, disse ao UOL.
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Ela conta que duas conhecidas que demoraram 40 minutos a mais para sair de casa acabaram quatro horas presas no trânsito, e os filhos foram parar no hospital com problemas respiratórios. “Agradeço todos os dias pelo instinto de sair dali o mais rápido possível”, disse, com a bebê Ella no colo, saudável.
Antes de sair, Luiza pegou documentos, duas mudas de roupa, objetos do marido, que estava viajando, além de comida e coleiras dos dois cachorros, Lola e Zé. Seus equipamentos de trabalho, como câmera e tripé, já estavam no carro. “Essa bota é a mesma que eu usava na hora”, diz a jornalista, que veio ao país como correspondente de uma revista e hoje trabalha para uma rede de televisão.