ão Paulo
Um neurônio em três dimensões. Foi o que cientistas brasileiros conseguiram ao unir microtomografia de raio-x feita a partir de um acelerador de partículas com uma técnica já conhecida de marcação de células neuronais.
O resultado do trabalho pode, futuramente, impactar a compreensão da neurodegeneração e doenças como os males de Alzheimer e Parkinson.
A técnica, que parece complexa pode ser resumida de uma forma simples. Trata-se de girar uma amostra do cérebro em frente a um feixe de raios-x. Depois, como em um quebra-cabeças, as 2.048 imagens obtidas são montadas com matemática e computação. Assim forma-se a imagem do cérebro e dos neurônios em 3D.
Uma das principais vantagens do método é sua praticidade. “Conseguimos uma imagem da célula no estado íntegro dela. Ela está ali no órgão, não tivemos que fazer nenhum outro tipo de manipulação”, diz Matheus Fonseca, pesquisador do LNBio (Laboratório Nacional de Biociências, parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e um dos autores do estudo.
Nos procedimentos atuais mais comuns há necessidade de limpeza e fatiamento —sim, literalmente— do cérebro objeto de estudo, segundo Fonseca.
Enquanto isso, na metodologia desenvolvida pelos pesquisadores brasileiros, basta mergulhar o órgão numa solução de mercúrio e obter as imagens a partir da microtomografia.
É aqui que entra o acelerador de partículas do LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron). Os cientistas do centro de pesquisas usaram a radiação do acelerador para criar as imagens em 3D. “É exatamente a mesma tomografia que fazemos no hospital”, diz Nathaly Archilha, do LNLS e líder da estação de pesquisa de microtomografia de raios-X. “A principal diferença é que conseguimos fazer isso numa resolução altíssima”, diz a pesquisadora.