A cinco dias do segundo turno, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), candidatos ao governo de São Paulo, baixaram o tom de acusações e decidiram se pautar em propostas durante o debate promovido pelo UOL, pela Folha de S. Paulo e pelo SBT, na noite desta terça-feira (23). Até então, o tom da campanha dos dois candidatos havia sido ácido, principalmente no primeiro encontro, promovido pela Band, quando os dois tiveram ríspidas discussões e a plateia se manifestava a todo instante.
Nesta terça, Doria evitou colar a imagem do adversário ao PT, enquanto França não associou o ex-prefeito como uma pessoa que teria traído o ex-governador Geraldo Alckmin. Uma atitude mais contundente do apresentador, o jornalista Carlos Nascimento, também contribuiu para um clima mais ameno.
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Ainda no início do debate, Nascimento deu uma bronca firme na plateia, que só voltou a se manifestar nas considerações finais, no último bloco. A bronca do início foi determinante para que o debate evitasse o clima de arquibancada na plateia, com os correligionários de ambos os candidatos.
“Eu acho que eu falei, todo mundo ouviu o que eu falei, não foi? Não está prevista a manifestação da plateia, eu gostaria de pedir que parem por aí. Ou a gente vai ter que ser mal-educado como vocês estão sendo. Nós não vamos admitir, manifestação da plateia não está no script do programa”, afirmou o jornalista.
Novas estratégias?
Doria alterou abruptamente seu discurso. Antes, a estratégia do tucano era aproveitar a onda anti-petista do pleito presidencial e grudar o nome de França ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desta vez, não aconteceu. Doria não citou nenhuma vez o PT. Apenas reiterou o apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas recentes de intenção de voto à Presidência.
“Eu tenho a segurança de que vamos ter hoje um debate altivo, propositivo, sem ataques e valorizando as propostas dos dois candidatos, cada um tem os seus modelos, as suas propostas. E eu tenho certeza, Márcio, que hoje vamos conseguir fazer um debate mais altivo, mais tranquilo e mais sereno”, afirmou o candidato, no início.
França não verbalizou, mas aceitou a proposta de Doria. Como se houvesse um acordo de cavalheiros velado, os candidatos não se atacaram. Diferentemente do que vinha fazendo, o atual governador não afirmou que o tucano traiu o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin e evitou duras críticas, de forma ríspida, ao partido.