Um ex-chefe policial municipal na Venezuela e ativista antigoverno diz ter ajudado a organizar uma operação para lançar drones armados sobre um comício militar no sábado (4), que o presidente Nicolás Maduro chamou de uma tentativa de assassinato.
Em entrevista à Reuters, Salvatore Lucchese, um ativista venezuelano que foi preso anteriormente por seu papel em protestos passados, disse que orquestrou o ataque com uma associação de militantes anti-Maduro conhecidos na Venezuela como a “resistência”.
A “resistência” referida por Lucchese é um coletivo difuso de ativistas de rua, organizações estudantis e ex-oficiais militares. O grupo possui pouca estrutura formal, mas é conhecido no país principalmente por organizar protestos nos anos recentes nos quais manifestantes entraram em confronto com a polícia e soldados.
A Reuters não pôde verificar de forma independente as afirmações de Lucchese sobre o ataque, no qual drones voaram sobre o comício no centro de Caracas. Explosivos a bordo dos drones detonaram, ferindo sete militares e fazendo com que participantes do evento buscassem cobertura.
Lucchese descreveu o incidente como parte de um esforço contínuo e armado contra Maduro. Ele se negou a descrever seu papel preciso na operação, na resistência ou a identificar outros envolvidos, citando a necessidade de proteger suas identidades.
“Nós possuíamos um objetivo e no momento não fomos capazes de materializá-lo 100 por cento”, disse Lucchese em entrevista em Bogotá, onde está viajando por conta de atividades com outras figuras da oposição. “O esforço armado irá continuar.”
O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu um pedido de comentário.
Mais cedo neste ano, Lucchese se separou do Vontade Popular, um proeminente partido da oposição, dizendo discordar de seus diálogos contínuos com o governo Maduro. O governo é amplamente criticado por suas táticas autoritárias, abusos de direitos humanos e políticas econômicas que levaram a uma recessão e casos de desnutrição por todo o país.