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Ex-embaixador dos EUA defende entrada do Brasil na Otan, aliança militar de potências ocidentais Comente

A carreira do diplomata Thomas Shannon atravessou os mandatos de seis presidentes americanos. Após duas temporadas no Brasil – entre 1989 e 1992, no governo de George Bush pai, e entre 2010 e 2013, como Embaixador em Brasília no governo de Barack Obama -, Shannon se aposentou em fevereiro aos 35 anos de carreira, depois de uma breve temporada como Secretário de Estado interino na transição para o governo de Donald Trump.
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Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, em Washington, o experiente diplomata faz projeções para as relações comerciais, políticas, militares e de direitos humanos entre Brasil e Estados Unidos sob o governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Politicamente, ele opina, a Venezuela deve se confirmar como principal ponto de interesse mútuo no curto prazo. Mas se engana quem pensa que o americano siga as ideias de Donald Trump, que já ventilou interesse por uma intervenção militar no país governado por Nicolás Maduro.

“Não é uma boa ideia”, diz, relembrando a história recente do continente.

“Nos piores momentos dos governos militares na América do Sul, a Venezuela foi muito generosa em receber pessoas que escapavam de governos autoritários. No ápice da violência na Colômbia, eles receberam muitos colombianos que estavam fugindo para salvar suas vidas (…) A Venezuela mostrou generosidade na história e é importante que outros países agora mostrem o mesmo.”

O americano também surpreende ao defender a entrada do Brasil na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) – principal aliança militar do planeta e um dos interesses de auxiliares ligados à política internacional de Bolsonaro, segundo a BBC News Brasil apurou.

“Traria ao Brasil uma oportunidade para se envolver e trabalhar diretamente não apenas em questões militares e das Forças Armadas, mas em tudo que for ligado a segurança nacional e segurança global”, diz.

Os EUA apoiariam a ideia? “Torço para que sim.”

Após atribuir aos protestos de 2013 a reviravolta política brasileira que afastou Dilma Rousseff e trouxe o nacionalismo conservador de Bolsonaro ao poder, Shannon não nega que haja ameaças à nossa democracia, mas recalibra a mira contra o presidente eleito.

“A ameaça à democracia veio antes de Bolsonaro”, diz. “Ela é fruto da acumulação de questões que produziram ele.”

Sobre a eventual nomeação de Sergio Moro ao Ministério da Justiça ou à Suprema Corte, o americano diz que o juiz “é profundamente respeitado fora do Brasil”.

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