Uma venezuelana de 34 anos anos e o companheiro de 40 estão separados há quase 10 dias. Ela mora no abrigo temporário Latife Salomão, no bairro Mecejana, zona Oeste da cidade, e ele está em situação de rua, porque não conseguiu se mudar junto com ela.
Os dois não são casados no papel, mas moravam juntos há anos na Venezuela. Ao chegarem a Boa Vista, não conseguiram trabalho e acamparam na praça Simón Bolívar por dois meses.
Eles viveram lá até o o último dia 6, quando o local, que tinha sido cercado com tapumes, foi desocupado pelo Exército. No dia, 846 imigrantes foram tirados de lá e levados a abrigos da capital. Foi nessa data que o casal foi separado.
O venezuelano conta que estava trabalhando em uma fazenda no interior do estado, e não ficou sabendo da transferência. Ao chegar à cidade, depois da praça ter sido desocupada, não conseguiu entrar no abrigo.
Na capital há oito abrigos públicos para imigrantes. Juntos, eles têm capacidade para 3,1 mil pessoas, mas já têm 3,4 mil moradores, a maioria recém-chegados da Venezuela.
“Quando eu estava vivendo na praça, fui cadastrado para ser levado ao abrigo. Tiraram foto minha, anotaram meu nome. Mas como não estava aqui no momento da transferência não consegui mais ir pra lá. Tentei, mas me disseram que não tem mais vagas”, explica.
Agora, ele está vivendo debaixo das marquises de lojas no entorno da praça Simón Bolívar junto com outras dezenas de imigrantes desabrigados na capital.
A mulher conta que é ruim viver separada do marido, mas que vai vê-lo todos os dias na praça.