A polêmica causada por Diego Alves surpreendeu a todos negativamente nos bastidores do Flamengo. Mais do que isso. O fato veio de quem não se esperava, ainda que o temperamento forte seja uma marca do jogador. O resultado é que o clube voltou a sofrer com um goleiro na gestão Eduardo Bandeira de Mello após confiar que isso não aconteceria.
Ainda que não tenha sido contratado pela atual administração, Felipe inaugurou a lista. Ele foi titular durante muito tempo e era visto como um dos grandes nomes da posição no Brasil. Aos poucos, alternou boas atuações com falhas cada vez mais frequentes. A personalidade forte e as polêmicas extracampo comprometeram a trajetória.
Mas o problema mesmo foi quando o Flamengo contratou o técnico Vanderlei Luxemburgo. Desafeto do treinador, o goleiro foi logo afastado em agosto de 2014. A demissão, no entanto, só ocorreu em janeiro de 2015. O resultado: o caso foi para a Justiça, e o Rubro-negro pagou cerca de R$ 4 milhões ao jogador.
Depois de Felipe, Paulo Victor assumiu a posição. Como não tinha a confiança absoluta do departamento de futebol, Alex Muralha, então destaque do Figueirense, foi contratado. Insatisfeito, Paulo Victor terminou emprestado para o futebol da Turquia e hoje atua pelo Grêmio. Na época, a direção não considerou importante contratar um reserva. A decisão cobrou um preço amargo pouco tempo depois.
Muralha foi até convocado para a seleção brasileira. Só que o relatório do CIM (Centro de Inteligência e Mercado), que não recomendava inteiramente a contratação, se mostrou correto. O goleiro enfileirou falhas e virou o símbolo de um erro absoluto de avaliação da diretoria.
Os equívocos no planejamento para a posição, inclusive, tiraram do Flamengo a possibilidade de dois títulos no ano passado: Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Até César, hoje titular, precisou ser utilizado quando Diego Alves se machucou. Thiago também estava lesionado e longe de gozar de confiança com a torcida, enquanto Muralha não tinha mais condições de ser utilizado. Um desastre completo.
A contratação de Diego Alves aconteceu no meio do drama vivido por Alex Muralha. Ela veio justamente após o goleiro se manifestar em entrevistas sobre o desejo de jogar no Flamengo. A princípio, ele nem sequer estava nos planos da diretoria. Juntou a vontade com a campanha da torcida nas redes sociais, e o Rubro-negro recebeu um novo camisa 1.
Pelas circunstâncias, o reconhecido pegador de pênaltis chegou com a moral de anos de casa. Fez bons jogos, mas também falhou, principalmente na eliminação recente na Copa do Brasil e em partidas do Campeonato Brasileiro. Diego Alves, no entanto, era a certeza de que o clube não sofreria mais com problemas na posição.
Não foi o que aconteceu. O último ato veio justamente de quem menos se esperava e colocou novamente o departamento de futebol em situação delicada. A temporada ainda não acabou, o Flamengo sonha com o título brasileiro, mas ficou claro que os goleiros “intocáveis” se transformaram em um retrato dos problemas no futebol do Rubro-negro.