Caminhão foi encontrado na Áustria em agosto de 2015. Vítimas morreram asfixiadas no compartimento hermeticamente fechado do veículo.
Vinte e dois meses depois da terrível morte de 71 imigrantes em um caminhão frigorífico encontrado na Áustria em agosto de 2015, a Hungria iniciou nesta quarta-feira (21) o grande julgamento dos traficantes considerados responsáveis pela tragédia.
Na tragédia morreram 59 homens, oito mulheres e quatro crianças, incluindo um bebê, procedentes da Síria, Iraque e Afeganistão. As vítimas não receberam ajuda dos traficantes e morreram asfixiadas no compartimento hermeticamente fechado do veículo.
O crime provocou uma forte comoção na Europa e reforçou o apoio à abertura momentânea das fronteiras às centenas de milhares de migrantes que desejavam seguir para o oeste do continente.
Cercados por agentes das forças especiais húngaras, 10 dos 11 acusados de origem búlgara, libanesa e afegã, todos em prisão preventiva há vários meses, sentaram no banco dos réus de um tribunal de Kecskemét, a cidade do sul da Hungria onde o caminhão foi alugado.
Todos foram acusados de “tortura” e alguns por homicídio.
O julgamento tem como base um relatório de 59 mil páginas e deve durar vários meses. O tribunal espera anunciar o veredicto ainda em 2017.
A Promotoria anunciou que solicitará para quatro acusados penas de prisão perpétua sem possibilidade de redução da pena por “homicídio com agravantes de especial crueldade”.
Para os outros sete acusados, a Promotoria quer penas de até 20 anos de prisão. Um réu, búlgaro, é julgado à revelia.
Em 27 de agosto de 2015, a polícia austríaca encontrou um caminhão frigorífico abandonado em uma estrada de Parndorf, perto da fronteira com a Hungria, com as vítimas a bordo.
Amontoados em 14 metros quadrados, com menos de 30 metros cúbicos de ar para respirar, os 71 migrantes, que haviam embarcado na véspera perto da fronteira com a Sérvia, morreram quando o veículo ainda estava em território húngaro, segundo os legistas.
Escutas telefônicas estabeleceram que os traficantes sabiam, pelos gritos, que as pessoas estavam sofrendo de asfixia. “Deixem morrer. É uma ordem”, teria afirmado o líder do grupo, um afegão identificado como Samsoor L., que proibiu a abertura parcial do compartimento para permitir a passagem de ar.
“Se morrerem, joguem em um bosque na Alemanha”, afirmou seu auxiliar, segundo um resumo da investigação publicado pela imprensa alemã.