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Matéria que trata do sepultamento em Taquaruçu é retirado de pauta; Léo Barbosa diz que texto seria rejeitado

Apresentada como Medida Provisória em maio deste ano, as novas normas para sepultamento no cemitério de Taquaruçu deveriam ter sido apreciadas na sessão desta quinta-feira, 16, da Câmara de Palmas, entretanto, o presidente da Casa de Leis, Folha Filho (PSD), atendeu pedido de vereadores da base e retirou a matéria da pauta. A decisão gerou críticas do oposicionista Léo Barbosa (SD), que previa a rejeição do texto pelo Plenário.

A matéria permite que as pessoas que residiam ininterruptamente em Taquaruçu nos dez anos anteriores ao óbito possam ser sepultadas nos cemitérios da localidade. A residência do falecido no distrito deve ser comprovada por faturas de energia, água, telefone, internet ou “outro documento idôneo”, narra o texto do Executivo.

Para o sepultamento, uma taxa de de 400 unidades fiscais de Palmas (UFIPs) será cobrada, que é um indexador usado como parâmetro de atualização do saldo devedor dos tributos, multas e penalidades. Em 2017, por exemplo, esta unidade é calculada em R$ 3,12, o que resultaria numa cobrança de R$ 1.248,00. Por outro lado, o texto isenta os familiares do falecido, se estes comprovarem receberem até dois salários mínimos ou renda por membro da família de até 60% da remuneração mínima legal.

Impasse continua
Em conversa com o CT, Léo Barbosa condenou o texto do Executivo e garante que vai manter a mobilização para reprová-la no Plenário. “Fiz uma força-tarefa para rejeitar o projeto, porque exigia, por exemplo, a residência mínima de dez anos, mais a questão do pagamento das UFIPs. Já percebendo que seria rejeitada, a base do governo pediu para retirar da pauta e o presidente tirou. O impasse continua, mas vamos nos manter vigilantes. Quando for pautada, a gente vai trabalhar para derrotá-la. Os critérios dela são desrespeitosos com quem tem familiar ou mora em Taquaruçu há menos de dez anos”, defendeu.

O oposicionista tentou ser cauteloso, mas manteve as críticas a Folha Filho. “Foi de forma arbitrária. Eles tem a presidência, e o presidente tem o poder de incluir ou retirar matéria da pauta. Não quero polemizar, é uma opção deles, mas sei que seria rejeitada, seguramente. Os vereadores tinham o mesmo entendimento de que dez anos é muito tempo”, disse Léo Barbosa, que defendeu o período mínimo de dois anos. Segundo o parlamentar, outros colegas concordam com a proposta.

Léo Barbosa lembra que a intenção era apresentar uma emenda para mudar o texto, o que alegou não ter sido possível. “Tramitou de forma muito rápida, e agora veio para ser votada. Não consegui”, comentou. O vereador afirma que ainda vai buscar a alteração das normas e avisa que, caso não consiga, vai continuar batalhando pela rejeição para, posteriormente, apresentar um Projeto de Lei que diminua o período mínimo de residência em Taquaruçu de dez para dois anos e deixe de cobrar 400 unidades fiscais para o sepultamento.

Votação só em 2018
Na avaliação de Léo Barbosa, a matéria será apreciada somente no ano que vem. “Não acredito que seja votada [em 2017], até porque o entendimento do Plenário é de rejeitar, e o presidente só quer votar se for para ganhar. Infelizmente aconteceu isto ontem [quinta-feira, 16], ficou claro. Retirou sem justificativa. Não quero criticá-lo, mas é uma medida que não posso concordar: tirar matéria de pauta porque sabe que vai perder”, reforçou.

Léo Barbosa defendeu que “a vontade do Plenário tem que ser respeitada” e calculou que o projeto seria rejeitado com cerca de 13 votos. Como exemplo, o oposicionista diz ter conseguido mudar a posição de Marilon Barbosa (PSB). O CT tentou falar com o pessebista, mas não obteve sucesso. Folha Filho também foi procurado, porém, deixou de atender as ligações. Por meio de porta-voz, a Câmara de Palmas explicou que é prerrogativa do presidente inserir ou retirar matérias da pauta, mas que não tem o poder de comentar o que levou a Mesa Diretora tomar tal decisão.

Transformada em PLC
Por se tratar de uma Medida Provisória apresentada no dia 25 de maio, a pauta do Legislativo deveria estar trancada desde o agosto. Entretanto, por um pedido do líder da Prefeitura de Palmas, vereador Major Negreiros (PSB), a matéria foi transformada em Projeto de Lei de Conversão (PLC), o que, segundo a assessoria da Câmara, faz com que o texto suba um grau e perca a qualidade de MP, por consequência, o prazo de validade e o poder de interromper o trabalho da Casa de Leis. A PLC precisou tramitar novamente por todas as comissões antes de ir ao Plenário.

Taquaruçu e o caso Iberê
Iberê Barroso e Silva, icônico jornalista vencedor de dois prêmios Esso e com passagens pelo Jornal do Brasil e Pasquim, faleceu em fevereiro deste ano. Era público que o carioca de nascença era apaixonado por Taquaruçu e que desejava, após a morte, ser sepultado no distrito da Capital. Entretanto, a Legislação de Palmas quase impediu que o seu sonho fosse realizado.

Portaria de 2013, primeiro ano do prefeito Carlos Amastha (PSB), restringe o auxílio funeral para quem possuir renda familiar maior que dois salários mínimos. O texto quase impediu com que Iberê Barroso fosse sepultado em Taquaruçu, já que o distrito só possui cemitério público, e o jornalista não se encaixava nas ressalvas da Legislação. O vencedor de dois prêmios Esso só foi enterrado conforme o seu desejo após intervenção dos colegas de profissão.

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