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Militares das Forças Armadas chegam ao Rio de Janeiro para cerco à Rocinha

Após anúncio do ministro da Defesa, Raul Jungmann, 950 militares das Forças Armadas e dez blindados começaram a chegar na tarde desta sexta-feira à favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. A comunidade vive hoje seu quinto dia violento após sofrer tentativa de invasão por traficantes rivais, no domingo.

Nesta sexta, a Rocinha voltou a registrar confrontos e ataques a policiais pela manhã. Ao menos uma pessoa foi baleada na comunidade.

O total de militares pode contudo aumentar ainda mais, segundo o ministro, conforme a demanda. De acordo com Jungmann, o efetivo a ser mobilizado pelas Forças Armadas pode chegar a 10 mil homens. “Exército não substitui polícia”, ponderou, contudo, o ministro. “Não liberamos antes porque não houve demanda”, afirmou.

A declaração foi dada após reunião com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), no Palácio do Planalto para tratar do assunto entre outras pautas da pasta. Mais cedo, Jungmann se encontrou com a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na sede da Procuradoria, em Brasília, após chegar do Rio de Janeiro.

Ele solicitou a criação de uma força-tarefa voltado ao Rio de Janeiro, composta pelo Ministério Público Federal, Justiça Federal e Polícia Federal. Dodge pediu a Jungmann que formalize uma proposta, indicando qual seria o papel de cada instituição no eventual grupo de trabalho, para que seja analisada por sua equipe.

“Que eles sejam policiais, juízes e procuradores dedicados ao Rio de Janeiro durante o tempo que for necessário para combater não só o crime organizado, mas o Estado paralelo que hoje existe no Rio, que é exatamente aquelas instituições do Estado que foram capturadas pelo crime organizado”, declarou Jungmann

O ministro afirmou que a procuradora-geral o recebeu “muitíssimo bem”, ficou de analisar essa situação e “com brevidade” dar uma resposta.

Moradores entraram em pânico e, em meio ao tiroteio, tentaram se refugiar em passarela. Escolas foram fechadas e cerca de 2.400 estudantes estão sem aula.

Uma das principais ligações entre as zonas sul e oeste da cidade, a autoestrada Lagoa-Barra fechou em razão dos tiroteios. A via foi liberada por volta das 14h, permanecendo quase quatro horas fechada. O Centro de Operações Rio informa que os corredores expressos do BRT estão operando sem alterações e diz que essa é a melhor opção para chegar ao Rock in Rio, na zona oeste. Para acessar o serviço, o público que sai da zona sul deve pegar o metrô até a estação Jardim Oceânico.

A autorização ao cerco é uma resposta ao pedido do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, ao CML (Comando Militar do Leste) para a atuação das forças militares na Rocinha.

De acordo com Jungmann, o cerco feito pelo Exército possibilitará aos policiais subirem na favela e continuar o enfrentamento aos criminosos. Segundo ele, todos os militares necessários já se encontram no Rio de Janeiro e não será preciso realizar deslocamentos físicos de tropas.

“Inicialmente, como se trata de algo que não teve um planejamento antecedente, nós estamos deslocando [para a Rocinha] 700 homens da polícia do Exército. Mas isso é o deslocamento inicial”, declarou. Ao todo, o CML (Comando Militar do Leste), sob a qual as tropas utilizadas estão subordinadas, conta com 30 mil militares.

Em entrevista na manhã desta sexta, Pezão disse que o reforço militar deve atuar na parte de baixo da comunidade –no acesso às vias expressas– para “dar tranquilidade às pessoas”. “Não vamos recuar”, disse ele. Segundo o governador, na operação policial de ontem, um paiol com muito armamento e drogas foi encontrado. Pezão disse que há indícios fortes de que mais armas serão achadas.

Jungmann afirmou que Temer demonstrou disposição em manter o apoio das forças federais no Estado, como a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional. Segundo o ministro, não houve nem haverá falta de recursos orçamentários para as atividades das tropas.

Questionado pelo UOL se a resposta do governo foi em tempo hábil, Jungmann afirmou não ter atuado antes porque a Defesa só “atende à demanda”. Ele ressaltou que não houve outros pedidos anteriormente, pois os órgãos de segurança julgavam que as operações já praticadas eram suficientes.

“Isso aí cabe ao governo avaliar. Nós respondemos, como sempre, à demanda. Uma coisa que a gente diz sempre aqui é que o Exército não substitui polícia. Quem tem informação exatamente, quem está na ponta, digamos assim, desse trabalho de segurança não pode ser diferente: são as polícias”, argumentou.

Ataque a UPP, ônibus e granada

Segundo a Polícia Militar, criminosos atiraram contra policiais próximo ao túnel Zuzu Angel. Por volta das 10h, a base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), na rua 2, foi atacada. Houve confronto e um morador foi ferido. Ele foi levado para o hospital Miguel Couto, na Gávea. Não há informações sobre o seu estado de saúde.

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