O agente secreto Ethan Hunt tem aceitado missões no cinema há 22 anos, e é de causar espanto que sua sexta aventura calhe de ser a melhor. Mais ainda: Missão: Impossível – Efeito Fallout é o melhor filme da carreira de Tom Cruise, ainda o maior astro de cinema do planeta. E não que ele já não tenha décadas de superlativos no currículo, da comédia teen Negócio Arriscado (1983) à biografia explosiva Feito na América (2017), passando por uma coleção de títulos ecléticos e sensacionais como A Cor do Dinheiro, Rain Man, Jerry Maguire, Colateral e No Limite do Amanhã, só para salpicar a memória. Missão: Impossível, que marcou sua estreia como produtor em 1996, era a série para chamar de sua. Chegar com tamanho fôlego no sexto filme já é um feito e tanto. Mas temos de aplaudir de pé quando a mistura resulta em um colosso de charme, inteligência, velocidade e diversão, o melhor que o cinema pop pode oferecer.
O segredo deste sucesso pode ser resumido em um fator decisivo: menos ego. Desde sua concepção, a série Missão: Impossível tem sido criação de Cruise, colaborando sempre com um cineasta diferente. O plano era simples: manter a coesão com seu protagonista, mas criando uma aventura sempre diferente. O problema é que Cruise, o produtor, sempre foi um sujeito meio mandão, e sua visão não raro entrava em choque com seu diretor. Em 1996, suas brigas com Brian De Palma foram lendárias, a ponto de o filme ser rodado sem um roteiro final em mãos, construído em torno das cenas de ação boladas por De Palma – o fato de ele ser um gênio ajudou o conjunto a se segurar. Quatro anos depois foi a vez de John Woo assumir o leme, e mais uma vez um diretor foi podado repetidamente por seu astro. Existe uma versão lendária de três horas de M:I:2 que provavelmente o público jamais vai assistir, mas ainda é possível enxergar um pouco do estilo operístico de Woo em algumas sequências