Agentes fazem buscas em dois endereços ligados à mulher do ex-governador Sérgio Cabral. Suspeita é que compra de peças foi usada para lavar dinheiro de corrupção.
A Polícia Federal faz buscas em dois endereços ligados a Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), na manhã desta sexta-feira (23). A ação é um aprofundamento da Lava Jato. O objetivo é localizar 149 de um total de 189 joias que teriam sido compradas para lavar dinheiro de corrupção.
Cabral está preso desde novembro do ano passado, quando foi alvo da Operação Calicute. Naquele mês, a PF apreendeu 40 joias no apartamento do ex-governador, que foram avaliadas em R$ 2 milhões. O objetivo, agora, é encontrar as outras peças.
Segundo as investigações, joias e pedras preciosas compradas pelo casal são, sim, prova de crime. Adriana e Sérgio gastaram mais de R$ 11 milhões em joalherias, e a maioria das peças ainda não foi encontrada.
Os agentes fizeram buscas no apartamento onde vive a ex-governanta de Adriana, Gilda Maria de Souza Vieira da Silva, na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico; e no imóvel de Nusia Ancelmo Mansur, irmã da ex-primeira dama, em Ipanema. Algumas joias teriam sido apreendidas nesses locais.
Nusia era funcionária do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), de onde pediu exoneração em dezembro do ano passado. Ela era lotada, desde 2010, no gabinete do conselheiro Aloysio Neves Guedes, que foi eleito presidente do TCE. A irmã de Adriana Ancelmo tinha o salário bruto de R$ 17,2 mil.
Adriana chegou a ser presa em dezembro do ano passado, por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. No despacho, o magistrado citou o fato de 149 das 189 joias que foram compradas pelo casal não terem sido localizadas como um dos motivos para a prisão.
“Embora as investigações tenham identificado registros nas joalherias investigadas de que Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo adquiriram pelo menos 189 joias desde o ano 2000, somente 40 peças foram apreendidas pela Polícia Federal por ocasião das buscas e apreensões, as quais foram encontradas no cofre do quarto da residência do casal”, afirmou o magistrado.
A ex-primeira dama ganhou o direito a cumprir prisão domiciliar no fim de março. Desde então, ela está no apartamento no Leblon onde vivia com o ex-governador.
Outro processo
Neste mês, Adriana foi absolvida pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba, em processo sobre lavagem de dinheiro e corrupção. Segundo o juiz, não havia prova suficiente de autoria ou participação. O Ministério Público diz que vai recorrer e já apresentou nova denúncia.