Com dificuldade de encontrar um nome com viabilidade eleitoral que aceite o rótulo de “candidato do governo”, o MDB discute com partidos aliados esconder o presidente Michel Temer durante a campanha presidencial.
A proposta na mesa é que o candidato apoiado pela sigla terá de pregar as reformas e iniciativas da atual gestão, mas não precisará defender diretamente o presidente ou colocá-lo em palanques eleitorais e propagandas televisivas.
Segundo relatos de amigos e aliados, o emedebista já se conscientizou que seu apoio é tóxico, ou seja, mais prejudica do que ajuda na disputa presidencial. Com governo considerado ruim ou péssimo por 70% dos brasileiros, segundo o Datafolha, Temer anunciará a sua desistência de concorrer à reeleição.
Embora insista publicamente em uma candidatura própria ou do ex-ministro Henrique Meirelles, o partido reconhece em conversas reservadas que o caminho mais natural é que apoie um nome de outra legenda da chamada —mais para organização do espectro político do que expressão ideológica— de centro-direita.
Nas conversas com partidos da base aliada, o MDB tem aceitado a possibilidade de que pré-candidatos presidenciais evitem defender ou citar o emedebista em discursos. Nas palavras de um dirigente do partido, o papel do presidente no processo eleitoral será “permanecer no Palácio do Planalto”.
A postura representa uma mudança no discurso do MDB, que antes cobrava uma defesa pessoal ao presidente dos partidos aliados que reivindicavam uma aliança com a legenda. A alteração deveu-se principalmente ao receio de um desgaste ainda maior de imagem.
A avaliação negativa do governo é um dos principais fatores para que legendas como PSDB e DEM, por exemplo, venham mantendo certo distanciamento do Palácio do Planalto.
Com o novo tom do MDB, os prováveis aliados já não se sentem mais obrigados a utilizar a imagem ou citar o nome do presidente durante a campanha presidencial, o que deve facilitar uma composição com os partidos de centro, entre eles, o PSDB.
Em negociação com o MDB, o pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, tem sentimentos dúbios sobre uma aliança com o partido do presidente.