Uma lei que proíbe a falsa bruxaria deve ser revogada no Canadá em um futuro próximo – mas isso não impediu a polícia de denunciar duas mulheres à Justiça por usar “artes das trevas” para extorquir dinheiro das pessoas.
Veja também:
Espanha desmantela rede que obrigava trans brasileiros a se prostituir
Duas mulheres canadenses foram formalmente acusadas de fingir praticar bruxaria, infringindo uma lei pouco conhecida no código penal do país.
A primeira acusação foi feita em outubro contra Dorie “Madeena” Stevenson, uma cartomante de Milton, na região de Ontário, depois de uma investigação de vários meses.
Ela é acusada de se apropriar indevidamente de 60 mil dólares canadenses (cerca de R$ 170 mil) em dinheiro e propriedades de um cliente.
Uma semana depois, uma médium de Toronto, Samantha Stevenson, também foi presa depois de uma outra investigação.
A polícia afirma que ela convenceu um homem de que o único jeito de se livrar de “espíritos malignos” em sua casa seria vendendo a propriedade e transferindo o dinheiro para a conta dela.
Segundo a polícia, as acusadas frequentemente se vendem como médiuns ou curandeiras religiosas e exigem altas somas de dinheiro para ajudar a “livrar os clientes de maldições ou espíritos malígnos”.
“O que normalmente vemos é uma tendência dos criminosos de tirar vantagem das pessoas quando elas estão em seu estado mais vulnerável”, diz o detetive Dave Costantini.
“As vítimas são manipuladas a acreditar que algo ruim vai acontecer com elas a não ser que elas entreguem dinheiro. Vemos até incidentes em que as vítimas são obrigadas a fazer compras e transferir para as golpistas para poderem ser ‘limpos’.”
Segundo ele, as vítimas acabam não procurando a polícia por vergonha.
Não creio em bruxas…
Os processos podem levar aos últimos julgamentos de falsas bruxas do Canadá, já que as leis que proíbem fingir praticar bruxaria devem ser revogadas em breve.
Em junho de 2017, o governo federal propôs um projeto para revogar dezenas de partes ultrapassadas do código penal do país, incluindo esta.
O professor de direito Stephen Coughlan, da Universidade Dalhousie, afirma que o projeto é necessário para ajudar a atualizar o códico penal, que tem trechos que remontam até 1892.
“Muitos dos artigos estão obsoletos, fora da realidade ou podem ser cobertos por outras leis melhores”, afirma.