Ele é chamado de “beyefendi” (senhor, em turco) pelos que o cercam e de “reis” (chefe) pelos admiradores. Recep Tayyip Erdogan é um líder com formação islâmica que superou uma tentativa de golpe e foi reeleito presidente da Turquia no domingo, 24, numa eleição que está sendo contestada pela oposição.
Apesar de dividir o país – a última contagem de votos indicava a vitória de Erdogan com 53% -, desafetos e apoiadores o consideram o segundo homem mais poderoso da Turquia. Em termos de poder, estaria atrás apenas de Mustafa Kemal Ataturk (1881-1938), fundador da República da Turquia e primeiro presidente do país.
Erdogan chegou poder em 2002, um ano depois da formação do partido islamista AKP, do qual ele é líder. Ficou 11 anos no cargo de primeiro-ministro da Turquia antes de se tornar o primeiro presidente eleito por voto direto em agosto de 2014.
Em 2016, Erdogan sofreu uma tentativa de golpe, ao qual reagiu com violência – cerca de 240 pessoas teriam morrido nos confrontos -, e fez a Turquia entrar num estado de emergência.
Desde então, Erdogan tem tomado medidas para reforçar seus poderes presidenciais.
Cerca de 107 mil servidores públicos e soldados perderam seus cargos sendo demitidos e mais de 50 mil pessoas estão presas, à espera de julgamento. A oposição afirma que pelo menos 5 mil acadêmicos e mais de 33 mil professores também perderam seus empregos. E, segundo a Plataforma para o Jornalismo Independente, uma organização local, mais de 150 jornalistas estão detidos desde a tentativa de golpe.
Com a vitória no domingo, Erdogan assume novos poderes, aprovados num plebiscito realizado no ano passado para transformar a Turquia numa república presidencial.
Mais poderes para Erdogan
O plebiscito do ano passado fez com que o cargo de presidente deixasse de ser meramente cerimonial. A partir de agora, não haverá mais primeiro-ministro despachando no Ak Sary” (Palácio Branco) em Ancara, a capital turca.
Além disso, Erdogan será o único responsável pela nomeação e demissão direta do primeiro escalão do poder, incluindo ministros e juízes. Também vai ter poderes para governar por decreto se necessário.
Na eleição em que o próprio Erdogan se declarou vencedor, o partido dele, o islamista AKP, ganhou também a maioria dos assentos no parlamento. Quando confirmado o resultado do pleito de domingo, o presidente vai ter uma liberdade de ação nunca antes vista na história moderna do país.
Erdogan também alterou a Constituição do país, que agora estabelece mandato presidencial de cinco anos e permite que ele dispute, novamente, a reeleição em 2023. As alterações podem fazer com que ele fique no poder por mais uma década.
Mas como esse filho de imigrantes da Geórgia se transformou no mais poderoso líder da Turquia atualmente?
Qual a importância das eleições na Turquia
– A Turquia tem a segunda maior força armada dos países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
– Faz fronteira tríplice com a Síria e o Iraque, onde o Estado Islâmico representa uma ameaça
– O país liga territorialmente a Europa com o Oriente Médio