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Presidenciáveis defendem solução rápida para crise na fronteira com Venezuela

São Paulo

Candidatos à Presidência defenderam nesta segunda-feira (20) uma saída rápida para a crise na fronteira da Venezuela com o estado de Roraima. No fim de semana, a cidade de Pacaraima foi palco de cenas de violência entre venezuelanos e brasileiros.

Ouvidos na saída de um fórum em São Paulo promovido pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base), cinco dos 13 presidenciáveis disseram que o governo federal deve intervir no problema urgentemente.

Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que “o Estado brasileiro não pode assistir a essa barbárie de braços cruzados” e criticou a governadora Suely Campos (PP).

“Estive em Roraima e visitei alojamentos. Pude presenciar a xenofobia, que já vinha sendo estimulada inclusive pela governadora do estado e por parte da imprensa local. Isso foi criando uma inflamação e um clima que se desdobrou nos fatos lamentáveis dos últimos dias”, disse o candidato.

O governo local defende que a imigração na fronteira seja suspensa e que os refugiados do país vizinho sejam enviados a outros estados. A gestão Michel Temer (MDB) é contra a ideia.

Boulos falou que “é preciso ter uma liberação de recursos para dar condições dignas de acolhimento aos venezuelanos e ao mesmo tempo ter, em conjunto com o governo do estado e as prefeituras, um projeto de integração dos imigrantes à comunidade local”.

Marina Silva (Rede) disse também ter visitado o estado e visto a situação precária de abrigos na capital, Boa Vista. “Imagine no município de Pacaraima, que é pequeno, sem infraestrutura, sem as mínimas condições de dar suporte para essa situação de calamidade e desespero da população venezuelana”, disse a ex-senadora.

A presidenciável culpou os governos Dilma Rousseff (PT) e Temer, dizendo que “o Brasil negligenciou duplamente a situação da Venezuela”.

Primeiro, disse ela, “quando, por alinhamentos políticos e ideológicos, não ajudou a que não se fosse para essa situação de falta de democracia na Venezuela, com prejuízos enormes para sua população”, e agora, pela segunda vez, “quando deixa o problema dos refugiados nas mãos do estado de Roraima”.

Segundo Marina, o governo estadual não tem condições de resolver o problema “praticamente sozinho”.
Ela defende o que chamou de uma coalizão humanitária de países para ajudar os refugiados venezuelanos.

Manuela D’Ávila (PC do B), que representou o ex-presidente Lula (PT) no evento, disse que o Brasil deve ajudar a buscar uma saída para o problema, sem interferir na soberania do país vizinho.

“Precisamos lutar para que o Brasil retome esse papel de construção de saídas mediadas, saídas pacíficas. Também acho que o que aconteceu no fim de semana é reflexo de uma página que precisamos virar nesse processo eleitoral: a da construção de um discurso de ódio na sociedade brasileira”, afirmou a deputada, que faz parte da coligação do petista.

Manuela também fez críticas à postura do Itamaraty sob Temer, dizendo que o governo “largou de mão a tradição diplomática brasileira e passou a agir como um palpiteiro de saídas para a região, inclusive legitimando certo discurso de que as intervenções poderiam ser militares, de países de outros continentes no nosso”.

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, lamentou o êxodo venezuelano e cobrou ajuda do governo federal, mas não detalhou sua posição a respeito da crise. “É muito triste ver a que levou o populismo fiscal na América Latina, especialmente na Venezuela”, afirmou.

“O governo federal tem o dever de ajudar Roraima, um estado menor e é claro que não tem condições de atender a tantas pessoas. É preciso ser parceiro.”

O tucano se colocou contra o fechamento da fronteira. “O Brasil tem uma tradição humanitária de receber pessoas de fora e deve fazê-lo.”

Ciro Gomes (PDT) atacou a reação xenófoba de parte da população de Roraima com a chegada dos venezuelanos.

“Eu nunca me senti com vergonha de ser brasileiro, e me senti ontem [domingo], quando vi nacionais queimarem roupa de quem já está miserável e sendo humilhado porque não consegue sobreviver no seu país”, disse.

“O Brasil está doente.”

Ciro criticou ainda o governo Temer, que “não está fazendo absolutamente nada”, o que, no seu entendimento, pode comprometer a reciprocidade que o Brasil espera de países como Estados Unidos no tratamento de cidadãos radicados.

“Os irmãos da Venezuela estão passando por maus bocados. Temos que chegar antes, ajudar esses refugiados, protegê-los”, afirmou. “Não podemos deixar que eles entrem selvagemente e destruam um tecido comunitário de cidades como Pacaraima.”

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