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Jornal aponta possível elo entre George Santos, deputado americano filho de brasileiros, e empresário que é primo de oligarca russo alvo de sanções

Congressista republicano é investigado por mentir sobre diversos aspectos de seu currículo e de sua vida pessoal durante campanha eleitoral de 2022. George Santos é investigado por ligação com empresário russo
O deputado americano George Santos pode ter ligações mais próximas do que se imaginava com um empresário que é primo de um oligarca russo sancionado por causa da invasão da Ucrânia, de acordo com uma reportagem do jornal “Washington Post” publicado nesta segunda-feira (16).
O político republicano, que é filho de brasileiros, foi eleito em 2022 como congressista do estado de Nova York. Desde então, uma série de investigações revelou que Santos mentiu sobre diversos aspectos de seu currículo e sua vida pessoal.
Agora, documentos levantados pelo jornal americano indicam que o empresário russo Andrew Intrater e sua esposa doaram US$ 5.800 a um comitê de campanha de Santos, além de terem contribuído com mais milhares de dólares para sua campanha desde 2020.
Além de ser primo do empresário Viktor Vekselberg, oligarca russo sancionado pelos EUA após a invasão da Rússia à Ucrânia em fevereiro passado, a empresa de investimentos de Intrater, Columbus Nova, também tem laços com o bilionário.
Um registro na comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos (SEC) mostra que Intrater colocou centenas de milhares de dólares na Harbor City Capital, uma empresa de investimentos com sede na Flórida onde Santos trabalhou por mais de um ano. Essa companhia, por sua vez, está sob investigação por supostamente administrar um esquema de pirâmide financeira.
Intrater também foi investigado em 2016 e 2017 por suas interações com Michael Cohen, que na época trabalhava como advogado do então presidente Donald Trump, sobre supostos vínculos entre a campanha do ex-presidente e integrantes do governo da Rússia. A empresa, entretanto, não foi acusada de improbidade à ocasião.
Em 2020, quando foi encarregado de encontrar investidores em Nova York pela Harbor City, Santos identificou a Columbus Nova como uma de suas clientes. No vídeo de uma reunião por Zoom obtido pelo “Washington Post”, o deputado falou sobre a empresa.
“Vocês devem saber quem eles são. Eles já foram notícia em várias ocasiões. Eles estavam fortemente envolvidos com a investigação da Rússia. Injustificado”, disse Santos.
Embora não esteja claro se Intrater investiu no projeto, a Harbor City recebeu um depósito sem data de US$ 625.000 de uma empresa do Mississippi que tem Intrater como seu único funcionário, segundo uma queixa da SEC contra a empresa. Santos negou ter conhecimento sobre o esquema de fraude pelo qual a Harbor City é investigada.
O futuro de Santos
Desde que os escândalos envolvendo George Santos começaram, o republicano se pronunciou mais de uma vez afirmando que não renunciará de seu posto como deputado. Na quinta-feira (12), Santos afirmou que desocuparia sua cadeira apenas se perdesse a próxima eleição.
Entretanto, seu colega do Partido Republicano e presidente do Comitê de Supervisão da Câmara, James Comer, afirmou no domingo (15) que Santos será removido do Congresso se for descoberto que violou as leis de financiamento de campanha.
“Ele é um cara mau”, disse Comer no programa “State of the Union” da rede americana CNN.
“Não cabe a mim ou a qualquer outro membro do Congresso determinar se ele pode ser expulso por mentir. Agora, se ele quebrou as leis de financiamento de campanha, será removido do Congresso”, afirmou o deputado.
O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, disse que deixará o destino de Santos para o Comitê de Ética e os eleitores.
Já Dan Goldman, deputado democrata, disse à Reuters que escreveu no domingo a McCarthy, a Elise Stefanik, presidente da conferência republicana, e a Dan Conston, chefe do Congressional Leadership Fund, um grupo de arrecadação de fundos republicano da Câmara, sobre uma reportagem do “The New York Times” publicada na semana passada. O texto afirma que o grupo estava ciente das mentiras de Santos desde antes das eleições em novembro.
“Uma coisa é um candidato como o Sr. Santos induzir os eleitores a apoiá-lo com base em uma teia de mentiras. Mas é outra coisa se os altos escalões da liderança republicana souberem das mentiras do Sr. Santos durante a campanha e optarem por ser cúmplices”, escreveu Goldman em uma carta.

Fonte: G1 Mundo