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Filho de vítima de Battisti comemora prisão: ‘meu pai pode descansar em paz depois de 40 anos’

Alberto Torregiani, filho de uma vítima de um dos crimes pelos quais Cesare Battisti foi condenado à prisão na Itália, comemorou a detenção do italiano na Bolívia e sua extradição.

Battisti, que passou cerca de 40 anos foragido, 14 deles no Brasil, foi detido no sábado em Santa Cruz de la Sierra e nesta segunda-feira (14) foi levado a um presídio na Sardenha para cumprir pena de prisão perpétua por quatro homicídios.

“Acho que meu pai, o pai de Sabbadin e irmão de Campagna, podem finalmente descansar em paz depois de 40 anos”, afirmou Torregiani no domingo, ao falar sobre a prisão. Ele é filho do joalheiro Pierluigi Torregiani, morto em 16 de fevereiro de 1979, em Milão. No dia do crime, Alberto tinha 15 anos, estava com o pai e foi baleado na coluna, ficando paraplégico.

Battisti não estava na cena do crime, mas foi acusado de ser o mandante. Naquele mesmo dia, ele teria participado ativamente da morte de outra vítima, o açougueiro e militante do grupo neofascista Movimento Sociale Italiano (MSI) Lino Sabbadin.

Torregiani foi escolhido como alvo pela organização da qual Battisti fazia parte, a Proletários Armados Pelo Comunismo (PAC), porque foi considerado um “justiceiro de extrema-direita” por ter reagido, dias antes, a um assalto a mão armada – e matado a tiros o assaltante – em um restaurante da cidade.

Na reivindicação pelos assassinatos, o grupo PAC afirmava ter agido para combater a “hegemonia do poder capitalista”.

Alberto Torregiani recebeu a notícia de que Battisti tinha sido preso na Bolívia do ministro do Interior, Matteo Salvini, quando eles se encontraram em um evento na escola política Lega, em Milão.

“A prisão de Cesare Battisti é um bom sinal para todas as pessoas que pedem justiça há tantos anos e não podem contar com a atenção da mídia, como aconteceu comigo”, afirmou, acrescentando que, saber que Battisti continuava livre era para ele uma “ferida aberta”.

Em 2017, em uma entrevista à BBC, Torregiani afirmou que não procurava vingança. “Não tenho ódio e não busco vingança. É uma questão de justiça. Tento encontrar uma lógica para o fato de viver em cadeira de rodas por culpa de alguém”, disse.

“Nunca afirmei ter ódio de Cesare Battisti, embora eu ainda o considere um terrorista. Todos os demais envolvidos naquele episódio apresentaram suas defesas e cumpriram suas penas. Tanto que hoje a maioria deles está livre, vivendo em sociedade do modo que escolheram. Alguns eu até perdoei”, disse Torregiani na época.

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