Em Almas, fazenda tem um pequizeiro que surpreende pelo tamanho do fruto, que rende pratos saborosos e até ganhou versos na literatura de cordel. Em Almas, pequi em tamanho pequeno vem chamando de moradores e visitantes
O tocantinense é acostumado a catar pequi e quanto mais ‘carnudo’, ou seja, com muita poupa para ‘roer’, melhor. Mas existem outras variações do fruto, bem menor do que o habitual, com um diâmetro que se assemelha ao de uvas, e sem espinhos. São os chamados mini pequis.
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Esse tipo pode ser encontrado na cidade de Almas, no sudeste do estado. Em uma fazenda da zona rural da cidade, Eneivaldo Lopes se orgulha da árvore onde brotam mini pequis. Ela se tornou um xodó para ele.
“Depois de um ano mais ou menos, eu não sabia da existência dele, um dia eu estava com um tio meu aqui e ele me mostrou e falou: ‘olha, esse pequi aí, o filho do antigo morador pediu para você cuidar dele, porque ele é diferente’. Daí então que eu descobri que era esse pequi bem pequenininho”, afirmou Eneivaldo.
O pé de pequi diferente tem mais de 30 anos e nunca recebeu nenhum tipo de tratamento especial. Cada safra ele produz somente os mini pequis tão miudinhos que é até difícil encontrar.
Mini pequis encantam a população de Almas
Aurora Fernandes/TV Anhanguera
O aposentado Francisco dos Santos se encantou pelo tamanho do pequi e levou para os amigos conhecerem. “Não comi porque todo mundo queria. Pegava um, outro pegava e acabou o pequi”, disse.
Comparando os pequis do tamanho normal e mini, é possível ver muita diferença. Por dentro é a mesma aparência e assim como os frutos tradicionais, também tem os que nascem com mais de um carocinho. E a fama está se espalhando, já que muitas pessoas se interessam em conhecer a ‘miniatura’ natural.
“Está chamando a atenção do estado todo e de fora, né. Muitas regiões as pessoas têm entrado em contato para saber como que faz para conhecer. Tudo que é inédito chama a atenção”, afirmou o jornalista da região Goianir Barbosa De Carvalho.
Diferença de tamanho entre o pequi tradicional e o mini
TV Anhanguera/Reprodução
Ao lado do pé de mini pequi tem uma árvore com os frutos do tamanho que costumamos ver. Outras pessoas também tentaram plantar mudas para ver se conseguem replicar a miniatura, mas até agora não conseguiram.
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Pequeno e sem espinho
Em nível de comparação, nos dois tamanhos o cheiro é o mesmo, mas o mini tem uma peculiaridade. O caroço não tem espinhos. Por isso comer o pequizinho exige menos atenção que o de tamanho normal.
Fruto é pequeno e saboroso
TV Anhanguera/Reprodução
Para o pesquisador Nilton Junqueira, da Embrapa, essa variação do fruto não é comum, mas pode ser encontrada em outras regiões.
“É um tipo que precisa ser preservado. Não só esse, mas todos os pequizeiros, todas as espécies e toda essa biodiversidade do pequi. Infelizmente hoje a gente tem uma ocupação antrópica muito grande, ocupação pelas pessoas, e às vezes esse material não é percebido”, ressaltou.
Delícias na cozinha
O gosto do pequi menorzinho é o mesmo do grande, afirma a cozinheira Cristiane Sampaio. Na cozinha, ela juntou o fruto em miniatura com carne de sol, cebola, maxixe, abóbora, quiabo, pimentão. Em 20 minutos no fogo, saiu uma delícia que a maior parte dos tocantinenses ama. E a cozinheira garante que o tempo de preparo e o gosto não são diferentes do tradicional.
Prato preparado pela cozinheira Cristiane Sampaio
TV Anhanguera/Reprodução
“O que é interessante nele é que é um pequi doce e não tem espinho. Porque o outro pequi você come só a massa e não tem como mastigas. Ele não [mini pequi], você abre ele e tem uma polpa branca. Não tem espinho e você pode comer à vontade e mastigar se quiser.
Tema de cordel
Além de ser um símbolo tradicional na alimentação do tocantinense, o pequi também está dentro da cultura do povo. Com tanto sucesso, o mini pequi de Almas ganhou até cordel ‘para chamar de seu’.
A letra foi escrita pelo cordelista Mauro da Nóbrega. Confira:
Nosso mundo é muito rico,
Isso eu posso afirmar
Tem grandeza em toda parte
Tem no céu e tem no mar
Mas o menor pequi do mundo
Só em Almas para encontrar
É na capital do ouro que existe esse pequi
É pequeno e é gostoso
Quem come quer repetir
Não existe em outro lugar
Do jeito desse daqui
Foi Preto de Amélia quem achou essa raridade
Resolveu mostrar para o mundo
A riqueza da nossa cidade
Pois aqui além do ouro
Tem pequi de qualidade
É pequeno no tamanho
Mas é grande no sabor
É menor pequi do mundo
É achado de valor
Fica em Almas, Tocantins
Na fazenda Pilões
E foi Deus o plantador
Mini pequi não tem espinho antes da castanha
TV Anhanguera/Reprodução
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Fonte: G1 Tocantins