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Siqueira Campos: Conheça a luta do ex-governador pela criação do Tocantins


José Wilson Siqueira Campos morreu aos 94 anos após uma infecção generalizada. Político foi peça chave para o desenvolvimento de uma das regiões mais pobres do país. Siqueira Campos lutou pela criação do estado do Tocantins
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Ex-vereador, deputado, governador e senador, José Wilson Siqueira Campos, foi um político importante, não isento de polêmicas, mas peça chave para o desenvolvimento de uma das regiões mais pobres do país. Sua morte aos 94 anos foi confirmada nesta terça-feira (4), após uma infecção generalizada.
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Ele foi internado na quinta-feira (29), sentindo fortes dores em todo o corpo. O quadro de saúde piorou no início desta terça-feira (4) após ser diagnosticado com quadro infeccioso grave (septicemia) e crise renal aguda.
O velório está previsto para começar às 7h da manhã no hall da ala norte do Palácio Araguaia. O sepultamento deve ser no final do dia, no cemitério Jardim das Acácias.
Veja abaixo alguns momentos da atuação de Siqueira Campos pela criação do Tocantins.
De seringueiro a político
Após viajar por vários estados do Brasil em busca de oportunidade e ser seringueiro no Amazonas, Siqueira Campos se estabeleceu no então norte de Goiás em 1964, no município de Colinas do Norte, atualmente, Colinas do Tocantins.
Ele foi eleito vereador na cidade e depois cumpriu cinco mandatos como deputado federal. No decorrer da vida política, defendeu a criação de um novo estado, chegou a ser preso e fez greve de fome em favor da causa separatista.
Essa luta pela criação do estado mais novo do país não foi exclusiva dele. O sonho começou ainda no século 17 e teve nomes importantes como o padre Antônio Vieira, o ouvidor Joaquim Theotônio Segurado e o professor Ruy Rodrigues da Silva, entre vários outros.
Siqueira Campos na construção do Palácio Araguaia, onde atualmente é a sede do Governo Estadual
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O último ato dessa saga começou em 1971, quando Siqueira Campos assumiu seu primeiro mandato de deputado federal e assumiu a luta separatista. Em 2015, durante entrevista ao g1, ele relembrou a situação da antiga região norte de Goiás.
“Ocupada por pessoas extremamente pobres, vivendo em precárias condições, morando em barracos de palha, plantando roças pioneiras e criando pequenos animais de forma rudimentar, de subexistências ao longo de seu território […] tínhamos pouquíssimas cidades e desprovidas de tudo”, disse na época.
O deputado federal Siqueira Campos apresentou, ao longo de seus mandatos, três projetos para criação do Tocantins, junto com propostas para dividir o território. O último, com a participação do também deputado Raimundo Marinho.
Siqueira Campos fez carreira política pelo Tocantins
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Greve de fome pelo estado
O sonho de um Tocantins foi novamente adiado quando José Sarney assumiu a presidência da República em 1985 e vetou três projetos em curso no Congresso Nacional – um de Siqueira e os demais dos senadores Benedito Ferreira e Amaral Peixoto.
Foi aí que Siqueira Campos iniciou uma greve de fome na Câmara dos Deputados em protesto ao veto. Junto com ele, o deputado Totó Cavalcante fez o mesmo na Assembleia Legislativa de Goiás.
Foram 98 horas e 35 minutos de jejum pela causa que definiu sua vida. Diante da insistência, o então presidente Sarney viu-se obrigado a nomear uma comissão de redivisão territorial para estudar a criação do novo Estado.
Siqueira Campos foi um dos pioneiros do Tocantins
Márcio Vieira/ATN
A proposta foi transferida para a Assembleia Nacional Constituinte e contou com uma emenda popular assinada por mais de 100 mil pessoas. O texto foi encaminhado em agosto de 1987 à presidência constituinte e em 27 de julho de 1988 a criação do Tocantins foi aprovada em segundo turno.
Com o nascimento da nova Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, também nascia o Tocantins.
José Wilson Siqueira foi o primeiro governador do Tocantins. Ele exerceu quatro mandatos no governo: de 1989 a 1991, de 1995 a 1998, de 1999 a 2003 e de 2011 a 2014.
Em 2019, a carreira política desse personagem histórico, foi coroada com a posse no senado federal aos 90 anos. A passagem foi rápida. Em 2022, já devido à saúde debilitada, ele abriu mão de voltar ao cargo em que seguiu como suplente até sua morte.
Siqueira Campos entrou para a história. Não em decorrência de sua morte, mas pelo papel importante que desempenhou no movimento separatista que culminou no estado do Tocantins. Sua existência se mistura com a vida do próprio Estado.
Placa do Palácio Araguaia marca criação e desenvolvimento do estado
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Fonte: G1 Tocantins